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Maemo Co-Creation Workshop

1255453457 (13/10/2009)
Co-Creation Session

Co-Creation Session (Foto de aSimulator no Flickr)

Um momento que chamou a atenção no 2º dia do Maemo Summit 2009 foi o Maemo Co-Creation Workshop. Organizado por Jussi Mäkinen, o workshop ocorre em sessões anuais, nas quais lead users (de modo simples, usuários que conseguem ver necessidades que surgirão pelo público comum) e pessoas envolvidas na gerência, projeto e marketing de produtos do Maemo interagem e imaginam futuros casos de uso para dispositivos. O tema abordado esse ano foi: Criatividade em Movimento.

A iniciativa é uma forma de desenvolver produtos inovadores, de antecipar tendências e criar soluções sem as quais o usuário não consiga viver sem a partir do momento em que sabe que ela existe ou que a utiliza. A ação foi baseada em 5 princípios norteadores, apresentados no artigo CO-CREATION’S 5 GUIDING PRINCIPLES or…. what is successful co-creation made of?. Essencialmente os princípios são:

  • Inspirar Participação: mostrar quem é você (como empresa), o porquê de precisar da particpação das pessoas e o tipo de resultado que isso pode trazer. Dentro disso, tratar todos de forma igual  (usuários, desenvolvedores e pessoas envolvidas);
  • Selecionar os melhores (lá se vai “todos de forma igual”): dos usuários que participaram, buscar refinar e obter um conjunto daqueles que se destacam, que mostram potencial para ter idéias e colaborar dentro do processo criativo;
  • Conectar mentes criativas: tendo o grupo de pessoas formado, permitir que elas trabalhem bem em conjunto, sabendo discutir e receber críticas;
  • Compartilhar os resultados: mostrar os resultados que foram obtidos, reconhecer as boas participações e dividir os benefícios;
  • Continuar o desenvolvimento: dar continuidade ao desenvolvimento do trabalho mantendo realacionamento com a comunidade.
Maemo Community

Comunidade do Maemo e projetos relacionados

A Nokia trabalhou exatamente dentro desses princípios. Semanas antes do evento (no dia 17/08/2009) a empresa apresentou para a comunidade do Maemo o projeto (teve até uma chamada de participação no twitter) e deixou claro o que seria feito, como seria feito e que resultados poderiam ser obtidos, com a previsão de que estes poderiam se tornar produtos concretos. Evidenciou que seriam valorizadas tanto as contribuições offline, trabalhadas diretamente pelas pessoas da Nokia, quanto as online, pela participação de membros da comunidade (são mais de 20.000 membros registrados).

Dois dias depois de apresentar a proposta foi postada a primeira idéia a ser debatida: O que Mobilidade Criativa significa para você? (uma tradução de What does Mobile Creativity mean to you?). As discussões online geraram cerca de  40 respostas e incluíram temas e idéias como integração e contextualização de informações, edição facilitada de mídias, conteúdo colaborativo, realidade aumentada e reconhecimento de gestos adaptado automaticamente para cada usuário. Tim Samoff, que posteriormente foi um dos selecionados do projeto, chegou a postar alguns rascunhos de idéias envolvendo informações de contatos e informações integradas ao calendário.

Cerca de duas semanas depois o segundo tema foi apresentado para ser discussão:  Qual será a próxima melhor coisa dentro de Edição e Compartilhamento de Mídia Criativa? (What will be the next best thing in Creative Media Editing & Sharing?). Com 51 respostas, surgiram idéias voltadas para trabalhar com pessoas, grupos e amigos, compartilhando e editando conteúdo. Entraram em questão tecnologias como OCR, reconhecimento de voz, RFID, produtos para DJs e temas relacionados a produção de conteúdo, mesmo com gadgets diferentes, experiências colaborativas e fotos 3D.

Quase que paralelamente às discussões foi iniciada a montagem de uma lista para que os membros mostrassem interesse em participar do workshop ou pudessem recomendar pessoas que se encaixavam no perfil esperado. Por pouco menos de duas semanas depois surgiu terceira e última proposta para discussão: Qual será a próxima melhor coisa dentro de Descoberta de Conteúdo? (What will be the next best thing in Content Discovery?). O brainstorm levou a 61 postagens no fórum, que envolveram discussões sobre tecnologias e propostas como CPEX, Web Semântica, Google WebFinger, além do papel da Nokia dentro desse processo e da capacidade da Ovi.

Um dia antes do início do Maemo Summit ocorreu o workshop em si, já com os participantes selecionados. As participações envolveram grupos que foram subdividos para trabalharem em dentro dos temas propostos.

Maemo Co-Creation Workshop

Maemo Co-Creation Workshop

Depois de tantas discussões, reuniões e propostas, o que se conseguiu? As discussões viraram 6 cenários de uso, dos quais 4 foram escolhidos para serem detalhados e trabalhados a fim de gerarem produtos para o Maemo. Os resultados foram divulgados na comunidade no primeiro dia do Maemo Summit. No segundo dia foi apresentado no próprio evento. Os cenários foram explicados a partir dos conceitos criados para a solução dos problemas envolvidos. Os próximos tópicos são uma reprodução do que foi apresentado no fórum.

Conceito 1: Conteúdo Contagioso

O conceito é uma forma de espalhar e compartilhar conteúdo com outras pessoas, baseado em interesses em comum. Funciona da seguinte forma: enquanto uma pessoa anda em uma rua é possível usar o dispositivo para ver o conteúdo que está sendo usado e compartilhado por pessoas que estejam à sua volta.  Conteúdos de mesmo tipo criam campos de calor (a tradução mais próxima que encontrei, com ajuda do Panaggio, para heat-pools) em volta da pessoa. Com isso, é possível ver qual conteúdo é mais utilizado e possui maior interesse direcionado pelo seu dono. Quando há pessoas próximas fisicamente (passando na rua ou em um mesmo ambiente) e que possuem perfil de interesse relacionados, são formados grupos. Pessoas destes grupos passam a compartilhar o conteúdo de seu interesse entre si. Pessoas que estão próximas mas que não possuem o conteúdo de interesse relacionado ao seu são tratadas como radicais livres. O conteúdo dessas pessoas não é evidenciado, são tratados como pontos que transitam em torno do dono do aparelho. Uma vez que mais pessoas passem a ter interesse por esses radicais livres, passando a acessar o conteúdo, eles se tornam campos de calor.

Conteúdo viral

Conceito 1 - Conteúdo contagioso (imagem por Marieke no fórum maemo.org)

De uma forma um pouco menos abstratata, como explicada por um dos participantes do processo, as pessoas podem definir seus interesses e configurar o tipo de conteúdo que pode ser compartilhado (a idéia de calibrar o interesse pode ser algo próximo ao Playlist DJ do Nokia X6). A definição dos interesses pode ser feita por tags e metadados que classificam o conteúdo e que permitem caracterizá-lo. O que se espera é que as pessoas compartilhem aquilo que elas vêem como interessante, como sendo algo de valor.  Ao ir a um show, por exemplo, é possível encontrar um grande número de pessoas com gostos musicais próximos. Algo interessante é que o conteúdo dos dispositivos deve estar disponível na nuvem (em servidores que mantêm o conteúdo na Internet). Assim, caso o dispositivo passe por outro com muito conteúdo relacionado, ele não precisará transferir todo o conteúdo de aparelho para aparelho, o que poderia ser inviável. Apenas as referências aos links do conteúdo podem ser recuperadas, de modo que cada dispositivo baixe da nuvem seu conteúdo.

Conteúdo contagioso

Conteúdo viral (imagem por Marieke no fórum maemo.org)

Conceito 2: Enriquecer (N-rich )

Uma grande quantidade de conteúdo pode ser gerada com dispositivos móveis. Para conseguir organizar e facilitar seu gerenciamento e recuperação desse conteúdo são utilizadas tags, que atuam como metadados (mais informações sobre o conteúdo). O problema deste cenário é conseguir atribuir tags de forma apropriada. O conceito de N-rich, proposto neste cenário, visa permitir que as pessoas possam recuperar conteúdos e atribuir tags de forma mais inteligente. A base para isso está no uso das informações dos contatos: pessoas conhecidas e que possuem um grau de confiança e relevância. Cada pessoa trás consigo um certo volume de informações que é coletado e relacionado pelo N-Rich. As informações recuperadas de diferentes repositórios de informaçoes (Facebook, Flickr, LinkedIn, etc.) e incluem fotos, vídeos, informações de contato e, principalmente, tags.  As tags podem ser usadas para melhorar o vocabulário de tags do próprio usuário, por meio de um sistema de aprendizagem que aprende a forma mais fácil de achar o conteúdo certo. Cada pessoa pode ser classificada por seu nível de conhecimento a respeito de um certo conteúdo. Por exemplo, caso o usuário esteja procurando um carro novo, o conteúdo e as tags relacionados aos amigos que possuem conhecimento sobre carros estarão dentro da área de interesse.

Tags inteligentes

Conceito 2 - N-Rich (imagem por Marieke no fórum maemo.org)

N-Rich

Tags inteligentes (imagem por Marieke no fórum maemo.org)

Conceito 3: Live Editing

A idéia deste conceito é evitar uma situação comum: as pessoas tiram fotos e gravam vídeos, mas postergam a edição e o tratamento deles indefinidamente. Quando o conteúdo precisa ser compartilhado ou usado há muito trabalho para ser feito. Como solução é proposto um modo de ajuste das fotos e vídeos no momento da criação. As configurações (luz, contraste, efeitos especiais e outros) são feitos com sliders e controles touch-screen simples e intuitivos. A foto e o vídeo são criados já prontos para o compartilhamento ou publicação.

Live Editing

Conceito 3 - Live Editing (imagem por Marieke no fórum maemo.org)

Live Editing

Live Editing (imagem por Marieke no fórum maemo.org)

Conceito 4: Juntar-se à Banda

O quarto conceito pode ser entendido dentro de um evento em que as pessoas tiram fotos, fazem vídeos, criam anotações e geram outros tipos de conteúdo. Ao final do evento é comum que demore até que o conteúdo gerado pelas outras pessoas possa ser acessado, até mesmo porque é difícil que uma pessoa pare e se disponha a compartilhar e organizar o conteúdo dela. Como solução para esse problema foi proposto ter um local centralizador de conteúdo, no qual todos os recursos são armazenados durante o evento. Por fim, todos têm acesso a todo conteúdo gerado.

Experiência colaborativa

Conceito 4 - Juntar-se à banda (imagem por Marieke no fórum maemo.org)

Juntar-se à banda

Experiência colaborativa (imagem por Marieke no fórum maemo.org)

As idéias que surgiram no Maemo Co-Creation, se implementadas, podem levar a produtos interessantes. São o tipo de facilidade que pode ser integrado ao cotidiano, atuando de modo quase transparente para o usuário, mas que leva a novas formas de interação. Por exemplo, tentar pesquisar sobre o conteúdo de uma pessoa interessante que está em um mesmo local antes de ter uma conversa com ela (ok, isso é fruto de uma mente nerd que prefere passar minutos pesquisando sobre a pessoa sem ter coragem de falar com ela pessoalmente),  recriar um evento pela composição de todos os materiais produzidos pelos participantes ou ter ainda melhor qualidade em cobertura de acontecimentos que são registrados por pessoas comuns com local e momento oportunos.

Ainda há muitas questões envolvidas para que os projetos sejam realmente criados. Além das questões tecnológicas envolvidas, sobre viabilidade dos projetos e possibilidade de implementação, há questões relacionadas à privacidade do usuário e distribuição de conteúdo com direitos autorais.

Sobre o evento, fica o registro do processo de criação de novos produtos e do exemplo de interação entre a empresa, responsável pela criação do produto, e a comunidade, que trabalha no desenvolvimento e na evolução dos seus recursos.

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  1. 1255479119 (13/10/2009) às 10:11 pm
  2. 1256321056 (23/10/2009) às 4:04 pm
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